14/12/11

Poema Pitágoras/ Luís Aranha



Poema Pitágoras


Depois de um quadro
Uma escultura
Depois de uma escultura
Um quadro
Antianatômico
Risco de vida numa tela morta
Extravagante
Quisera ser pintor!
Tenho em minha gaveta esboços de navios
Só consegui marinhas
Somos os primitivos de uma era nova
Egito arte sintética
Movimento
Exagero de linhas
Baixos relevos de Tebas e de Mênfis

Ir ao Egito
Como Pitágoras
Filósofo e geômetra
Astrônomo
Talvez achasse o teorema das hipotenusas e
a tabela da multiplicação
Não lembro mais
Preciso ir à escola
O céu é um grande quadro-negro
Para crianças e para poetas

Circunferência
O círculo da lua

De Vênus traço junto a ela uma tangente luminosa
que vai tocar algum planeta ignorado
Uma linha reta
Depois uma perpendicular
E outra reta
Uma secante
Um setor
Um segmento
Como a Terra que é redonda e a lua circunferência
há de haver planetas poliedros planetas cônicos
planetas ovóides
Correndo em paralelas não se encontram nunca
Trapézios de fogo
Astros descrevem no céu círculos elipses e parábolas
Os redondos encontram-se uns aos outros e giram como
rodas dentadas de máquinas
Sou o centro
Ao redor de mim giram as estrelas e volteiam os celestes
Todos os mundos são balões de borracha coloridos
que tenho presos por cordéis em minhas mãos
Tenho em minhas mãos o sistema planetário
E como as estrelas cadentes mudo de lugar frequentemente
A lua por auréola
Estou crucificado no Cruzeiro
No coração
O amor universal

Glóbulos de fogo
Há astros tetraedros hexaedros octaedros dodecaedros e icosaedros
Alguns globos de vidro fosco com luzes dentro
Há também cilindros
Os cônicos unem as pontas girando ao redor do eixo
comum em sentido contrário
Prismas truncados prismas oblíquos e paralelepípedos luminosos
Os corpos celestes são imensos cristais de rocha
coloridos girando em todos os sentido

A cabeleira de Berenice não é uma cabeleira
O Centauro não é centauro nem o Caranguejo
caranguejo
Música colorida ressoando nos meus ouvidos de poeta
Orquestra fantástica
Timbales
Os címbalos da lua
Rufa as castanholas das estrelas!
Elas giram sempre
Furiosamente
Não há estrelas fixas
Os fusos fiam
A abóbada celeste é o barracão de zinco de uma fábrica imensa
E a lã das nuvens passa na engrenagem
Trepidações
Meu cérebro e coração pilhas elétricas
Arcos voltaicos
Estalos
Combinações de idéias e reações de sentimentos
O céu é uma vasta sala de química com retortas cadinhos tubos provetas e todos os
Vasos necessários
Quem me quitaria de acreditar que os astros são balões de vidros
Cheios de gases leves que fugiram pelas janelas dos laboratórios
Todos os químicos são idiotas
Não descobriram nem o elixir da longa vida nem a pedra filosofal
Só os pirotécnicos são inteligentes
São mais inteligentes do que os poetas pois encheram o céu de planetas novos
Multicores
Astros arrebentam como granadas
Os núcleos caem
Outros sobem da terra e têm uma vida efêmera
Asteróides asteriscos,
Rojões de lágrimas
Cometas se desfazem
Fim da existência
Outros encontram como demônios da idade média e feiticeiras de Sabbath
Fogos de antimônio fogos de Bengala
Eu também me desfarei em lágrimas coloridas no meu dia final
Meu coração vagará pelo céu estrela cadente ou bólido
Estrela inteligente estrela averroísta
Vertiginosamente

Enrolando-o na fileira da Via-Láctea
Joguei o pião da Terra
E ele ronca
O movimento perpétuo
Vejo tudo
Faixas de cores
Mares
Montanhas
Florestas
Numa velocidade prodigiosa
Todas as cores sobrepostas
Estou só
Tiritante
De pé sobre a crosta resfriada
Não há mais vegetação
Nem animais
Como os antigos creio que a Terra é o centro
A Terra é uma grande esponja que se embebe das tristezas
do universo
Meu coração é uma esponja que absorve toda a tristeza da Terra
Bolhas de sabão!

Os telescópios apontam o céu
Canhões gigantes
De perto
Vejo a lua
Acidentes da crosta resfriada
O anel de Anaxágoras
O anel de Pitágoras
Vulcões extintos
Perto dela
Uma pirâmide fosforescente
Pirâmide do Egito que subiu ao céu
Hoje está incluída no sistema planetário
Luminosa
Com a rota determinada por todos os observatórios
Subiu quando a biblioteca de Alexandria era uma
fogueira iluminando o mundo
Os crânios antigos estalam nos pergaminhos que se queimam
Pitágoras a viu ainda em terra
Viajou no Egito
Viu o rio Nilo os crocodilos os papiros e as embarcações de sândalo
Viu a esfinge os obeliscos a sala de Karnak e o boi Apis
Viu a lua dentro do tanque onde estava o rei Amenemat
Mas não viu a biblioteca de Alexandria nem as galeras de Cleopatra
nem a dominação dos ingleses
Maspero acha múmias
E eu não vejo mais nada
As nuvens apagaram minha geometria celeste
No quadro negro
Não vejo mais a sua nem minha pirotécnica planetária
Uma grande pálpebra azul treme no céu e pisca
Corisco arisco risca no céu
o barômetro anuncia chuva
Todos os observatórios se comunicam pela telegrafia sem fio
Nem penso mais porque a escuridão da noite tempestuosa
penetra em mim
Não posso matematizar o universo como os pitagóricos
Estou só
Tenho frio
Não posso escrever os versos áureos de Pitágoras!...





Poema Pitágoras


Después de un cuadro
Una escultura
Después de una escultura
Un cuadro
Antianatómico
Trazo de vida en una tela muerta
Extravagante
¡Quisiera ser pintor!
Tengo en mi gaveta esbozos de navíos
Solo conseguí marinas
Somos los primitivos de una era nueva
Egipto arte sintético
Movimiento
Exageración de líneas
Bajorrelieves de Tebas y de Menfis

Ir a Egipto
Como Pitágoras
Filósofo y geómetra
Astrónomo
Tal vez encontrase el teorema de las hipotenusas y
la tabla de multiplicar
No recuerdo más
Necesito ir a la escuela
El cielo es un enorme cuadro-negro
Para niños y para poetas

Circunferencia
El círculo de la luna

De Venus trazo junto a ella una tangente luminosa
que tocará algún planeta ignorado
Una línea recta
Después una perpendicular
Y otra recta
Una secante
Un sector
Un segmento
Como la Tierra que es redonda y la luna circunferencia
ha de haber planetas poliedros planetas cónicos
planetas ovoides
Corriendo en paralelas no se encuentran nunca
Trapecios de fuego
Astros describen en el cielo círculos elipses y parábolas
Los redondos se encuentran unos con otros y giran como
ruedas dentadas de máquinas
Soy el centro
Alrededor de mí giran estrellas y rotan los celestes
Todos los mundos son balones de caucho coloridos
que tengo aprisionados con cordeles en mis manos
Tengo en mis manos el sistema planetario

Y como las estrellas fugaces mudo de lugar frecuentemente
La luna por aureola
Estoy crucificado en el Crucero
En el corazón
El amor universal

Glóbulos de fuego
Hay astros tetraedros hexaedros octaedros dodecaedros e icosaedros
Algunos globos de vidrio fosco con luces dentro
Hay también cilindros
Los cónicos unen las puntas girando alrededor del eje
común en sentido contrario
Prismas truncados prismas oblicuos y paralelepípedos luminosos
Los cuerpos celestes son inmensos cristales de roca
coloridos girando en todos los sentidos
La cabellera de Berenice no es una cabellera
El centauro no es centauro ni el Cangrejo
cangrejo
Música colorida resonando en mis oídos de poeta
Orquesta fantástica
Timbales
Los címbalos de la luna
¡Repican las castañuelas de las estrellas!
Ellas giran siempre
Furiosamente
No hay estrellas fijas
Los husos hilan
La bóveda celeste es el almacén de zinc de una fábrica inmensa
Y la lana de las nubes pasa en el engranaje
Trepidaciones
Mi cerebro y corazón pilas eléctricas
Arcos voltaicos
Estallidos
Combinaciones de ideas y reacciones de sentimientos
El cielo es una vasta sala de química con artificios crisoles tubos probetas
y todos los
Vasos necesarios
Quién me evitaría creer que los astros son globos de vidrios
Llenos de gases leves que huyeron por las ventanas de los laboratorios
Todos los químicos son idiotas
No descubrieron ni el elíxir de la vida eterna ni la piedra filosofal
Solo los pirotécnicos son inteligentes
Son más inteligentes que los poetas pues llenaron el cielo de planetas
nuevos
Multicolores
Los astros revientan como granadas
Los núcleos caen
Otros suben de la tierra y tienen una vida efímera
Asteroides asteriscos,
Cohetes de lágrimas
Cometas se deshacen
Fin de la existencia
Otros encuentran como demonios de la edad media y hechicerías de
Sabbath
Luces de antimonio luces de Bengala
Yo también me desharé en lágrimas coloridas en mi día final
Mi corazón vagará por el cielo estrella fugaz o bólido
Estrella inteligente estrella averroísta
Vertiginosamente
Envolviéndolo en la hilera de la Vía Láctea
Lancé el trompo de la Tierra
Y resuena
El movimiento perpetuo
Veo todo
Fajas de colores
Mares
Montañas
Bosques
En una velocidad prodigiosa
Todos los colores sobrepuestos
Estoy solo
Tiritante
De pie sobre la corteza resfriada
No hay más vegetación
Ni animales
Como los antiguos creo que la Tierra es el centro
La Tierra es una gran esponja que se embebe de las tristezas
del universo
¡Burbujas de jabón!
Los telescopios apuntan al cielo
Cañones gigantes
De cerca
Veo la luna
Accidentes de la corteza resfriada
El anillo de Anaxágoras
El anillo de Pitágoras
Volcanes extintos
Cerca de ella
Una pirámide fosforescente
Pirámide de Egipto que subió al cielo
Hoy está incluida en el sistema planetario
Luminosa
Con la ruta determinada por todos los observatorios
Subió cuando la biblioteca de Alejandría era una
hoguera iluminando el mundo
Los cráneos antiguos estallan en los pergaminos que se queman
Pitágoras la vio aún en tierra
Viajó en Egipto
Vio el río Nilo los cocodrilos los papiros y las embarcaciones de sándalo
Vio la esfinge los obeliscos la sala de Karnak y al buey Apis
Vio la luna dentro del tanque donde estaba el rey Amenemat
Pero no vio la biblioteca de Alejandría ni las galeras de Cleopatra
ni la dominación de los ingleses
Maspero encuentra momias
Y yo no veo más nada
Las nubes borraron mi geometría celeste
En el cuadro negro
No veo más su ni mi pirotécnica planetaria
Un gran párpado azul tiembla en el cielo y guiña
Corisco arisco risca en el cielo
el barómetro anuncia lluvia
Todos los observatorios se comunican por la telegrafía sin hilo
No pienso más porque la oscuridad de la noche tempestuosa
penetra en mí
No puedo matematizar el universo como los pitagóricos
Estoy solo
Tengo frío
¡No puedo escribir los versos áureos de Pitágoras!...



Traducción: Sergio Ernesto Ríos.

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