14/12/11
Poema Pitágoras/ Luís Aranha
Poema Pitágoras
Depois de um quadro
Uma escultura
Depois de uma escultura
Um quadro
Antianatômico
Risco de vida numa tela morta
Extravagante
Quisera ser pintor!
Tenho em minha gaveta esboços de navios
Só consegui marinhas
Somos os primitivos de uma era nova
Egito arte sintética
Movimento
Exagero de linhas
Baixos relevos de Tebas e de Mênfis
Ir ao Egito
Como Pitágoras
Filósofo e geômetra
Astrônomo
Talvez achasse o teorema das hipotenusas e
a tabela da multiplicação
Não lembro mais
Preciso ir à escola
O céu é um grande quadro-negro
Para crianças e para poetas
Circunferência
O círculo da lua
De Vênus traço junto a ela uma tangente luminosa
que vai tocar algum planeta ignorado
Uma linha reta
Depois uma perpendicular
E outra reta
Uma secante
Um setor
Um segmento
Como a Terra que é redonda e a lua circunferência
há de haver planetas poliedros planetas cônicos
planetas ovóides
Correndo em paralelas não se encontram nunca
Trapézios de fogo
Astros descrevem no céu círculos elipses e parábolas
Os redondos encontram-se uns aos outros e giram como
rodas dentadas de máquinas
Sou o centro
Ao redor de mim giram as estrelas e volteiam os celestes
Todos os mundos são balões de borracha coloridos
que tenho presos por cordéis em minhas mãos
Tenho em minhas mãos o sistema planetário
E como as estrelas cadentes mudo de lugar frequentemente
A lua por auréola
Estou crucificado no Cruzeiro
No coração
O amor universal
Glóbulos de fogo
Há astros tetraedros hexaedros octaedros dodecaedros e icosaedros
Alguns globos de vidro fosco com luzes dentro
Há também cilindros
Os cônicos unem as pontas girando ao redor do eixo
comum em sentido contrário
Prismas truncados prismas oblíquos e paralelepípedos luminosos
Os corpos celestes são imensos cristais de rocha
coloridos girando em todos os sentido
A cabeleira de Berenice não é uma cabeleira
O Centauro não é centauro nem o Caranguejo
caranguejo
Música colorida ressoando nos meus ouvidos de poeta
Orquestra fantástica
Timbales
Os címbalos da lua
Rufa as castanholas das estrelas!
Elas giram sempre
Furiosamente
Não há estrelas fixas
Os fusos fiam
A abóbada celeste é o barracão de zinco de uma fábrica imensa
E a lã das nuvens passa na engrenagem
Trepidações
Meu cérebro e coração pilhas elétricas
Arcos voltaicos
Estalos
Combinações de idéias e reações de sentimentos
O céu é uma vasta sala de química com retortas cadinhos tubos provetas e todos os
Vasos necessários
Quem me quitaria de acreditar que os astros são balões de vidros
Cheios de gases leves que fugiram pelas janelas dos laboratórios
Todos os químicos são idiotas
Não descobriram nem o elixir da longa vida nem a pedra filosofal
Só os pirotécnicos são inteligentes
São mais inteligentes do que os poetas pois encheram o céu de planetas novos
Multicores
Astros arrebentam como granadas
Os núcleos caem
Outros sobem da terra e têm uma vida efêmera
Asteróides asteriscos,
Rojões de lágrimas
Cometas se desfazem
Fim da existência
Outros encontram como demônios da idade média e feiticeiras de Sabbath
Fogos de antimônio fogos de Bengala
Eu também me desfarei em lágrimas coloridas no meu dia final
Meu coração vagará pelo céu estrela cadente ou bólido
Estrela inteligente estrela averroísta
Vertiginosamente
Enrolando-o na fileira da Via-Láctea
Joguei o pião da Terra
E ele ronca
O movimento perpétuo
Vejo tudo
Faixas de cores
Mares
Montanhas
Florestas
Numa velocidade prodigiosa
Todas as cores sobrepostas
Estou só
Tiritante
De pé sobre a crosta resfriada
Não há mais vegetação
Nem animais
Como os antigos creio que a Terra é o centro
A Terra é uma grande esponja que se embebe das tristezas
do universo
Meu coração é uma esponja que absorve toda a tristeza da Terra
Bolhas de sabão!
Os telescópios apontam o céu
Canhões gigantes
De perto
Vejo a lua
Acidentes da crosta resfriada
O anel de Anaxágoras
O anel de Pitágoras
Vulcões extintos
Perto dela
Uma pirâmide fosforescente
Pirâmide do Egito que subiu ao céu
Hoje está incluída no sistema planetário
Luminosa
Com a rota determinada por todos os observatórios
Subiu quando a biblioteca de Alexandria era uma
fogueira iluminando o mundo
Os crânios antigos estalam nos pergaminhos que se queimam
Pitágoras a viu ainda em terra
Viajou no Egito
Viu o rio Nilo os crocodilos os papiros e as embarcações de sândalo
Viu a esfinge os obeliscos a sala de Karnak e o boi Apis
Viu a lua dentro do tanque onde estava o rei Amenemat
Mas não viu a biblioteca de Alexandria nem as galeras de Cleopatra
nem a dominação dos ingleses
Maspero acha múmias
E eu não vejo mais nada
As nuvens apagaram minha geometria celeste
No quadro negro
Não vejo mais a sua nem minha pirotécnica planetária
Uma grande pálpebra azul treme no céu e pisca
Corisco arisco risca no céu
o barômetro anuncia chuva
Todos os observatórios se comunicam pela telegrafia sem fio
Nem penso mais porque a escuridão da noite tempestuosa
penetra em mim
Não posso matematizar o universo como os pitagóricos
Estou só
Tenho frio
Não posso escrever os versos áureos de Pitágoras!...
Poema Pitágoras
Después de un cuadro
Una escultura
Después de una escultura
Un cuadro
Antianatómico
Trazo de vida en una tela muerta
Extravagante
¡Quisiera ser pintor!
Tengo en mi gaveta esbozos de navíos
Solo conseguí marinas
Somos los primitivos de una era nueva
Egipto arte sintético
Movimiento
Exageración de líneas
Bajorrelieves de Tebas y de Menfis
Ir a Egipto
Como Pitágoras
Filósofo y geómetra
Astrónomo
Tal vez encontrase el teorema de las hipotenusas y
la tabla de multiplicar
No recuerdo más
Necesito ir a la escuela
El cielo es un enorme cuadro-negro
Para niños y para poetas
Circunferencia
El círculo de la luna
De Venus trazo junto a ella una tangente luminosa
que tocará algún planeta ignorado
Una línea recta
Después una perpendicular
Y otra recta
Una secante
Un sector
Un segmento
Como la Tierra que es redonda y la luna circunferencia
ha de haber planetas poliedros planetas cónicos
planetas ovoides
Corriendo en paralelas no se encuentran nunca
Trapecios de fuego
Astros describen en el cielo círculos elipses y parábolas
Los redondos se encuentran unos con otros y giran como
ruedas dentadas de máquinas
Soy el centro
Alrededor de mí giran estrellas y rotan los celestes
Todos los mundos son balones de caucho coloridos
que tengo aprisionados con cordeles en mis manos
Tengo en mis manos el sistema planetario
Y como las estrellas fugaces mudo de lugar frecuentemente
La luna por aureola
Estoy crucificado en el Crucero
En el corazón
El amor universal
Glóbulos de fuego
Hay astros tetraedros hexaedros octaedros dodecaedros e icosaedros
Algunos globos de vidrio fosco con luces dentro
Hay también cilindros
Los cónicos unen las puntas girando alrededor del eje
común en sentido contrario
Prismas truncados prismas oblicuos y paralelepípedos luminosos
Los cuerpos celestes son inmensos cristales de roca
coloridos girando en todos los sentidos
La cabellera de Berenice no es una cabellera
El centauro no es centauro ni el Cangrejo
cangrejo
Música colorida resonando en mis oídos de poeta
Orquesta fantástica
Timbales
Los címbalos de la luna
¡Repican las castañuelas de las estrellas!
Ellas giran siempre
Furiosamente
No hay estrellas fijas
Los husos hilan
La bóveda celeste es el almacén de zinc de una fábrica inmensa
Y la lana de las nubes pasa en el engranaje
Trepidaciones
Mi cerebro y corazón pilas eléctricas
Arcos voltaicos
Estallidos
Combinaciones de ideas y reacciones de sentimientos
El cielo es una vasta sala de química con artificios crisoles tubos probetas
y todos los
Vasos necesarios
Quién me evitaría creer que los astros son globos de vidrios
Llenos de gases leves que huyeron por las ventanas de los laboratorios
Todos los químicos son idiotas
No descubrieron ni el elíxir de la vida eterna ni la piedra filosofal
Solo los pirotécnicos son inteligentes
Son más inteligentes que los poetas pues llenaron el cielo de planetas
nuevos
Multicolores
Los astros revientan como granadas
Los núcleos caen
Otros suben de la tierra y tienen una vida efímera
Asteroides asteriscos,
Cohetes de lágrimas
Cometas se deshacen
Fin de la existencia
Otros encuentran como demonios de la edad media y hechicerías de
Sabbath
Luces de antimonio luces de Bengala
Yo también me desharé en lágrimas coloridas en mi día final
Mi corazón vagará por el cielo estrella fugaz o bólido
Estrella inteligente estrella averroísta
Vertiginosamente
Envolviéndolo en la hilera de la Vía Láctea
Lancé el trompo de la Tierra
Y resuena
El movimiento perpetuo
Veo todo
Fajas de colores
Mares
Montañas
Bosques
En una velocidad prodigiosa
Todos los colores sobrepuestos
Estoy solo
Tiritante
De pie sobre la corteza resfriada
No hay más vegetación
Ni animales
Como los antiguos creo que la Tierra es el centro
La Tierra es una gran esponja que se embebe de las tristezas
del universo
¡Burbujas de jabón!
Los telescopios apuntan al cielo
Cañones gigantes
De cerca
Veo la luna
Accidentes de la corteza resfriada
El anillo de Anaxágoras
El anillo de Pitágoras
Volcanes extintos
Cerca de ella
Una pirámide fosforescente
Pirámide de Egipto que subió al cielo
Hoy está incluida en el sistema planetario
Luminosa
Con la ruta determinada por todos los observatorios
Subió cuando la biblioteca de Alejandría era una
hoguera iluminando el mundo
Los cráneos antiguos estallan en los pergaminos que se queman
Pitágoras la vio aún en tierra
Viajó en Egipto
Vio el río Nilo los cocodrilos los papiros y las embarcaciones de sándalo
Vio la esfinge los obeliscos la sala de Karnak y al buey Apis
Vio la luna dentro del tanque donde estaba el rey Amenemat
Pero no vio la biblioteca de Alejandría ni las galeras de Cleopatra
ni la dominación de los ingleses
Maspero encuentra momias
Y yo no veo más nada
Las nubes borraron mi geometría celeste
En el cuadro negro
No veo más su ni mi pirotécnica planetaria
Un gran párpado azul tiembla en el cielo y guiña
Corisco arisco risca en el cielo
el barómetro anuncia lluvia
Todos los observatorios se comunican por la telegrafía sin hilo
No pienso más porque la oscuridad de la noche tempestuosa
penetra en mí
No puedo matematizar el universo como los pitagóricos
Estoy solo
Tengo frío
¡No puedo escribir los versos áureos de Pitágoras!...
Traducción: Sergio Ernesto Ríos.
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Sergio Ernesto Ríos
27/11/11
THE AWAKENING OF THE CREATURES FROM THE MIRROR COCOON
THE AWAKENING OF THE CREATURES FROM THE MIRROR COCOON
It is a white halloween pumpkin with a fox bat mask, the fox has four eyes and it is happy (even though sometimes a sinister look can be seen).
Inside there is a two-headed dancer with a crab pincers. The ears from the wolf mask are wolves with wings.
It is a very anguished mask, very suicidal, very melancholic, it goes aaaaaaaooooooooo with its mouth. Though I also see racoons with reddish parts connecting its tails.
I see a dissected rabbit on a bedsheet, its beard is velvety, I can see the texture of its beard and its mustache. It uses industrial boots, from its front legs penguins come out, from its anus comes out the head of a giraffe.
It is a white cat with black that is depressed, I see his eyes are deep-set. From where he should have hair, crocodile profiles come out. On its forehead it has a head with antennas or a tiny helmet with antennas, with something like an insect. It is a cat standing on two legs with a peashooter inside, the peashooter goes up its chest and throat. The body of the cat is the heads of a giant made of stone.
They are two rabbits, very stuck-up and very despotic scorning at each other, they are something of a housekeeper, as if they were going to take a little midnight dish, but they don’t take anything. I find their gesture elegant.
Two red pine martens climb a greengreyblueish organic structure even though it seems that the pine martens will fall if they manage to ascend. The leg that pushes them is being supported on the chest of a lion.
I see three images assembled from the bottom up: two fetus heads showing the back of their neck, the following is a smoking crow with something of a greek philosopher statue, the last image is a leaning beetle. In the middle a halo of colors stands out.
Two police officers dressed in violet with black helmets direct a marine dance in autumn, even though it is autumn it is colorful, even though it is marine at the bottom there is a metallic structure reminiscent of the Eiffel tower. The creatures that are the guests of the dance are very happy, there are some unicellular yellow ochre, orange, brown, yellow with orange eyes; there are some cockroaches and there are some are sea-horses. The ones that I like the most are the blue beetles moving gloomy palm tree leaves.
Sergio Ernesto Ríos
Traducción: Bernardo Núñez.
8/9/11
EL DESPERTAR DE LAS CREATURAS DEL ESPEJO CAPULLO
EL DESPERTAR DE LAS CREATURAS DEL ESPEJO CAPULLO
Es una calabaza de halloween blanca con un antifaz de zorro murciélago, el zorro tiene cuatro ojos y está alegre (aunque a veces se distingue una mirada siniestra).
Adentro hay una bailarina bicéfala con pinzas de cangrejo. Las orejas de la máscara de lobo son lobos con alas.
Es una máscara muy angustiada, muy suicida, muy melancólica, hace aaaaaaaooooooooo con la boca. Aunque también veo mapaches con partes rojizas enlazando sus colas.
Veo un conejo diseccionado sobre una sábana, sus barbas son afelpadas, distingo la textura de sus barbas y bigotes. Usa botas industriales, de las patas delanteras le brotan pingüinos, del ano le brota la cabeza de una jirafa.
Es un gato blanco con negro deprimido, le veo los ojos hundidos. En donde debería tener pelo le brotan perfiles de cocodrilos. En la frente tiene una cabeza con antenas o un casco diminuto con antenas, con algo de insecto. Es un gato parado en dos patas con una cerbatana adentro, la cerbatana le sube por el pecho y la garganta. El cuerpo del gato son cabezas de un gigante de piedra.
Son dos conejos muy respingados y despóticos haciéndose fuchi, tienen algo de ama de llaves, como si llevaran un platito a medianoche, pero no llevan nada. Encuentro elegante su gesto.
Dos martas rojas escalan una estructura orgánica verdegrisazulosa, aunque parece que las martas caerán sí consiguen ascender. Tienen una pata apoyada, la pata que les da impulso, en el pecho de un león.
Veo tres imágenes ensambladas de abajo a arriba: dos cabezas de fetos mostrando su nuca, la siguiente es un cuervo fumador con algo de estatua griega de filósofo, la última imagen es un escarabajo inclinado. En medio sobresale un halo de colores.
Dos policías vestidos de violeta con cascos negros dirigen un baile marino en otoño, aunque es otoño es colorido, aunque es marino en el fondo hay una estructura metálica que recuerda a la torre Eiffel. Las creaturas que están convidadas al baile son muy alegres, los hay unicelulares amarillos ocre, naranja, café, amarillos con ojos naranja; hay cucarachas y hay hipocampos. Los que más me gustan son los escarabajos azules moviendo hojas oscuras de palmeras.
Sergio Ernesto Ríos
24/7/11
alerta de Oswald de Andrade
alerta
Allá viene el lanzallamas
Toma el porrón de gasolina
Dispara
Ellos quieren matar todo amor
Corromper el polo
Estancar la sed que tengo de otro ser
Ven por el flanco, de lado
Por arriba, por atrás
Dispara
Dispara
Resiste
Defiende
De pie
De pie
De pie
El futuro será de toda la humanidad
Traducción: Sergio Ernesto Ríos
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Oswald de Andrade,
poesía brasileña,
Sergio Ernesto Ríos
13/7/11
5/7/11
"Voy a moler tu cerebro" de Roberto Piva
Hace tiempo preparé esta pequeña antología, para la Red de Poetas Salvajes, de uno de mis poetas brasileños favoritos.
Acá pueden descargar el pdf:http://www.mediafire.com/?mm8y9pd3bpp8bmv
Acá pueden descargar el pdf:http://www.mediafire.com/?mm8y9pd3bpp8bmv
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Roberto Piva,
Sergio Ernesto Ríos
23/5/11
28/4/11
YO / Bob Flanagan
YO
Esto es lo que llaman autobiografía:
comienza con mi nacimiento en la América
del medio oeste, una tierra conocida por sus
muñecas de papel, tarjetas de beisbol y sus libros de historietas—
cosas que puedes doblar y poner dentro
de tu lonchera y llevar a la escuela contigo.
Mi escuela era una prisión, pero mi lonchera
estaba decorada con dibujos de mis momentos
favoritos de la historia –la mía propia
y aun así, al mismo tiempo, más grande que mi vida.
Mi lonchera de los Locos Addams lo decía bien:
entre más raro mejor. Creía en esto,
de ahí mi pasión por las partes del cuerpo tatuadas.
Las películas de horror y las revistas de detectives
me incitaban con promesas de cosas rudas
mientras los programas de concurso en la televisión
me enseñaron el valor del conocimiento y los grandes ganadores.
Estaba sorprendido con las tareas domésticas
como un recién casado, pero no tenía idea
de cómo hervir, batir, mezclar, asar en su jugo o licuar
los variados pero insípidos ingredientes
de mi mundana vida. Año tras año,
miraba mis logradas posesiones
apilarse y rodearme
como la caca de pájaro en la estatua que erigí
para inmortalizar mi propio sentido de lo humano
y recordarme que no soy un monstruo.
Casi siempre era delicado y tomaba
los golpes de la vida sin devolverlos.
Una vez, sin embargo, pinché un muñeco vudú
novecientas veces en el corazón, pero Madre
me descubrió y dijo, “Basta”. Nunca
volví a perder la compostura, o alguna otra cosa, desde entonces.
Lo único que lamento es que
tampoco encontré nada, solo
esto: “Todos los que persistan alcanzan la luminosa nieve”.
Versión de Luis Alberto Arellano
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Luis Alberto Arellano,
poema
25/4/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Juliana Krapp
(Rio de Janeiro,1980)
almacenes
sería apenas la ausencia impertinente de arrabales
o su respiración de tiniebla que oscila y huye
por debajo de la puerta (¿la belleza
enteramente desamparada?) pero este
muelle de puerto
es, de hecho, una llave.
sus nervaduras y estallidos
como fábulas
húmedas. (los agentes narrativos son incapaces
de identificar el estiaje
y la señal de los tiempos
en las amuradas). y aún este dolor
salvaje anclado a las turbinas y graneros
a la maquinaria desgarrada en itinerarios
de vapores y conspiraciones. la meticulosa
delicadeza de la noche entregue
todo al gesto de izar: originalísimo
y esclavo de las circunstancias
(en este instante tu aprietas mi mano
y la pones contra el pecho, temiendo
la faz invisible de las embarcaciones) el agua
que crece como un germen negro alrededor, como
un escalofrío inédito un
verbo inédito una
presencia quebradiza
(¿pero lo que es quebradizo
está muerto? ¿o reverbera apenas
las manchas calientes de sangre en la alfombra?)me dices
que sobre toda música incide una renuncia
e incluso este pitido y mientras dices
el horizonte reconocible
asola de fríos el lenguaje
(es necesario, sin embargo, reconocerlo en sordina
como se reconocen en los alcoholes
las ráfagas de arrullo)
13/4/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Pablo Araujo
Pablo Araujo
(Rio de Janeiro,1981)
Diecisiete veces se abre la herida... ...lentamente
y más un poco se multiplica
como se abre.....el mar...... entero...... indestructible.
Sephir......Sephir..... .:...... el nombre no revelado
otro a otro.... ..:.... ..ni esto......ni aquello......:......Es.
12/4/11
Rojo encanto de marmota / Cachibache
Les comparto uno de mis libros favoritos de la década pasada Rojo encanto de marmota del ecuatoriano Oswaldo Calisto Rivera "Cachibache" (1979-2000).
Aquí está el pdf:
http://www.mediafire.com/?t27lm092071pk9f
29/3/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Leonardo Gandolfi
Leonardo Gandolfi
(Rio de Janeiro,1981)
De la tortuga retirar la tortuga
dejarla ser apenas la no tortuga.
Llueve. Las gotas mojarían su atraso.
Este es el primer ciclo, el de la falta.
La lluvia insiste, toca las tejas de amianto.
La casa está cerrada y quien está allá dentro
es la continuación de la lluvia y del amianto.
Este el segundo ciclo, el del gesto.
Junto a la casa, un patio. Aún no.
Quién sabe si cuando la lluvia deje de insistir
yo comprenda las reglas de la perspectiva.
Lo que se retiró retorna. Silencio.
A la tortuga se llega por paciencia.
Tercer ciclo, el de las cosas repetidas.
28/3/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Camila Vardarac
Camila Vardarac
(Rio de Janeiro,1987)
no sabrás quién pronuncia tu nombre
cuando el camino deseado sea por todos desconocido
seguirás, extrayendo de los abismos las carcajadas
tu locura mezclándose con la tarde
y en la montaña en forma de cráneo –belvedere de gritos
tus otros yos, elevados
anunciarán la muerte del silencio.
23/3/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Diego Vinhas
Diego Vinhas
(Fortaleza, 1980)
De un calendario
las cosas, después, tienen el tamaño del equipaje
cada una sabe el peso de las asas, la medida de lo que
escurre. Y comulgan, más allá del instante y de las
coordenadas, la dosis de un tedio que rumia y
aprende a doler,
después.
primero, las cosas mueren.
13/3/11
DE CÓMO NO TENGO UNA PRESENCIA HUMANA
DE CÓMO NO TENGO UNA PRESENCIA HUMANA
Luis Alberto Arellano
*
Es común en el imaginario de la República mexicana de la letras que se acepte como experimental a cierto tipo de poesía que se aleja del tronco grueso, inamovible y muy aburrido de la lírica tal y como la entendió el siglo XX. Sabemos que toda escritura de poesía desde el inicio de la Modernidad experimenta, dado que busca formas novedosas para que el poema se presente. Al reventar los moldes tradicionales, el poema tiene el gran problema, bendito problema, de nacer indeterminado. La poca imaginación y el desconocimiento del arte contemporáneo hace que la autodenominada Poesía Mexicana se perpetúe en formas convencionales que se repiten hasta el hartazgo. Las búsquedas que más interesan en la última década son aquellas que están a la orilla, construyendo, reventando y reformulando un campo de acción para el poema, en diversos soportes y por distintas vías.
Siendo arbitrarios podemos clasificar dos grandes grupos de exploración: por un lado, está la escritura que busca llevar el poema a la negación absoluta del yo, que está cercana, o de plano engarzada, con la escritura conceptual, y que busca y arriesga por diversos soportes como la fotografía, la poesía digital.
Está en otro gran rango de acción, la poesía que apuesta por la radicalización del lenguaje poético, que lo concibe en términos materiales, y que también discurre por variadas sendas: una barroquización inspirada en el siglo de oro; un minimalismo más bien místico; una esencialidad pop; o la construcción de un discurso derivado de la irracionalidad como punto de partida para el poema. Esta última vía es la veta inicial de Sergio Ernesto Ríos: desde Piedrapizarnik plantó una distancia argumentativa, teórica, con la construcción de un discurso que tuviera correlato literal con el mundo.
*
Mi nombre de guerra es Albión mantiene una tensión esencial a esta escritura que va profundo a la raíz de su lenguaje: el yo aludido en la primera parte del libro The Colony Room está construido como un simulacro. Es un personaje que toma elementos de la biografía, esa ficción sobrevaluada, y que se despliega para poder poner en juego elementos esenciales a las obsesiones del autor. Francis Bacon es y no es, se construye como un creador preocupado por la creación, envuelto en un mundo de alucinaciones y desgarradoras relaciones personales. Es decir, a esta escritura la máscara le sirve para evidenciar la fragilidad de lo Real. Asumir la esencial biografía ajena le viene a resolver el cómo el sujeto produce sentidos en el mundo de todos los días. Y ese cómo es particularmente equívoco.
Existe otro rasgo que me interesa destacar de esta escritura: la potencia de los versos se asienta en su construcción sonora, que parece todo menos programática, y en su necesaria opacidad. Debido a la acumulación de referentes, inconexos, fragmentarios, imposibles a la hora de formular un relato, el poema vence por acumulación opaca. No hay nada que ver detrás porque es imposible ver detrás. El poema no esconde un significado. Inaugura un sentido. Esta condición de cuerpo opaco hace que, ante la imposibilidad de mirar detrás del lenguaje, el lector tenga que mirar al lenguaje. Y que encuentre esta opacidad como una revelación. Una iluminación.
una tos demasiado nadie que insinuara afición involuntaria
a largas fiebres tuteo afectuoso mortero para humillar la plata
Para el autor estas cadenas fragmentarias de sentidos, estas imágenes plagadas de referentes certeros, se convierten en una ruta de tránsito para encontrar un elemento perdido en la poesía desde hace mucho tiempo: el don profético. No son casuales, en un poeta así nada lo es, las referencias textuales: Eliot, Juan de Yepes, los hermanos Lamborghini, Blake y la propia retórica de Bacon, que conviven con las resonancias de cada elemento suelto. Ríos nos prepara para un tiempo sin poesía, un tiempo donde el canto está desdeñado y donde no ha llegado nada que lo supla, donde cada poema es un recomienzo, un reinicio, donde se suman las historia de la poesía, la historia del poeta y la imaginación que podrá unir, precariamente, los contrarios.
El Zurdo creyó ver en el rumor mostaza
ovillado tras el barandal
un gato
o tal vez ratas
Este Bacon reformulado que necesita un amo para poner en juego su amor por la corporalidad es también sumamente culto. Nada más ajeno que lo arbitrario en la construcción de las imágenes. Si las llamas del infierno calientan la cabeza, rechazada desde el inicio como el motor de búsqueda del artista, entonces el resto del cuerpo puede desprenderse y funcionar con perfecta autonomía. Tal y como acontece en la pintura de Bacon. Pedazos de carne que se han desprendido de una función motora o sensorial. Sensualidad del fragmento que no está asignado a ninguna parte reconocible de un cuerpo. Estética de los restos, de lo que no se pudo reagrupar en sus partes originales. Esta erotización última, autonómica, de las piezas del cuerpo producen una elegante armonía por contraste: nada hay de Bello en un fragmento corporal cercado por los fluidos que lo componen, sin embargo, la suma de piezas incompatibles de un rompecabezas de lo humano se antoja gozoso y deleitable para las sensibilidades que soporten la visión del desmembramiento.
*
El caso de Esquilo: El último poema de esta serie, el número VIII, tiene dentro un sueño que sucede en el oeste de Eleusis, en la estación de trenes, donde los durmientes tienen una inscripción (18 de mayo de 1935). Una mujer que se acerca al de la voz asegura que esa es la fecha en que Esquilo, inventor del drama en tanto inventor del diálogo, lucho en las batallas de Salamis y Artemisium.
Esquilo vivió 5 siglos antes de Cristo y luchó en las batallas de Maratón y Salamina. Es conocida la leyenda de que fue condenado a muerte por haber revelado parte de los ritos Eleusinos al vulgo. Los ritos Eleusinos estaban asociados al mito de Démeter y su hija Perséfone. Representaban los ciclos de la naturaleza y de ellos dependía la fertilidad de la tierra y de las mujeres. Eran codiciados porque se les atribuía grandes poderes como la profecía, y la posibilidad de hablar con los muertos. Así como el secreto para descender al inframundo. Los iniciados en los ritos Eleusinos gozaban de reputación y del temor del resto del pueblo. Se sabe que Esquilo salvó su condena pagando una fuerte cantidad de dinero. Lo importante aquí es que una de las obras más famosas de Bacon está basada en la Orestiada de Esquilo. Un tríptico que representa a tres torsos incompletos, desmembrados en diferentes posturas y sobre diferentes soportes.
*
Si el poeta modelo en The Colony Room es Rimbaud, si estamos buscando en la opacidad la videncia, la profética. Si el proceso es la intención de negar los referentes aún cuando sean claramente necesarios para construir el poema. Si esto es cierto, entonces, la segunda parte, Mi nombre de guerra es Albión, traiciona de cabo a rabo estas premisas. Desde la espacialidad (el lugar que ocupa el texto en la página) guiña más provechosamente a Mallarmé (el poeta modelo de la posmodernidad), a los concretos brasileños y todos aquellos que consideran la prosodia un límite inútil como todos los límites. No creo en un poeta experimental que no viva experimentalmente, anunció Roberto Piva. Y Mi nombre de guerra es Albión inaugura la indagación en un lenguaje políticamente incorrecto, usado como estilete que desvela una gran cantidad de vicios alrededor de la escritura de poesía. El capital simbólico, regularmente acumulado con mesura, es aquí dilapidado con singular alegría y el poeta se permite excesos verbales que están demasiado claros.
como soy un gran artista pido los mayores decibeles
*
amárrame las manos
impide que aniquile
el odio y el riñón del francés
el feto que enterramos bajo un árbol
*
... somos un clan tóxico faunos elásticos alrededor de tu vestido la propaganda que silba un fumigador aficionado al megalítico
La silueta que dibuja esta segunda parte añade razones para lo evidente: el lenguaje sigue siendo crítica. Crítica de las prácticas sociales, en tanto que construye por medio del poema un aparte donde la validez no está dado sino por los valores de lo estético. Una crítica a la dispersión moral y a la corrección política porque el poema inaugura con suma simplicidad el terreno de lo amoral y de lo comunitario excluido. Frente a las prácticas del privilegio artístico el poema reclama para sí el título de gran señor. No son los poetas los privilegiados, sino los lectores que están frente a un acontecimiento estético. El poema es una bomba de tiempo que moviliza al lector de su posición inicial. Un salto al vacío con la seguridad de que en la caída crecen las alas diminutas que postergarán la muerte o la harán propia, individual, mía. Eso, en tiempos de la alienación masiva es más de lo que podemos esperar del arte.
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Luis Alberto Arellano,
Mi nombre de guerra es Albión
7/3/11
"Mi nombre de Guerra es Albión" en Querétaro
esta canción se llama lo que pido de ti
un catafalco alumbrado por moscardones
que se derraman como un largo eclipse
eso que existe en una corona de oscuridad
la cabeza en el mástil
los pies sobre los vidrios
árboles que sacuden pequeñas cimitarras
tiza celeste
el libro en que repruebas la misericordia del elefante africano
la tierra plana
la sombra instrumental por el jardín ceñido
un polígono de deserción (p.27)
Miércoles 9 de Marzo
Presentan: Luis Alberto Arellano, Benjamín Moreno y el autor.
19:00 hrs.
Aula interior de la Biblioteca Francisco Cervantes, Centro Cultural Gómez Morín.
Avenida Constituyentes esquina Pasteur S/N.
Entrada libre.
Convidan las Juventudes Nordalbingias!
2/3/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Daniel Sampaio de Azevedo
Daniel Sampaio de Azevedo
(João Pessoa,1983)
Terror Sagrado bajo el Sol de Mediodía
1.
draga-me
el dragón
a las gradas
de los días
aherroja-me
los brazos
de surcos
y algodón
ningún
grito
ningún
sismo
sólo
la so
ga gor
diana a la glo
tis.
23/2/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Julia Larré
Julia Larré
(Recife,1986)
*
Mi casa
queda desnuda
muda
en los días del
adiós.
Rompe reglas
impone
deseos
desestructura
las vigas
de mí.
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Julia Larré,
poesía brasileña
21/2/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Artur Rogério
Artur Rogério
(Paulista,1984)
à ra
Yo la amo a ella porque ella tiene músculos en los brazos Y
El hermano de ella es Danilo
El hermano de ella es mi amigo desde cuando vivíamos allá en lo alto del tanque de agua Y ella
debe tener unos catorce quince o dieciséis músculos en los brazos
Vuelto Danilo
Siendo que Danilo coloca los músculos hacia fuera
Y
Yo
La amo
Y
Yo no soy joto Y
Ella
Tiene unos músculos lindos
Más lindos que los músculos de Danilo Más lindos
Que los labios de Eduardo
14/2/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Renan Nuernberger
Renan Nuernberger
(São Paulo,1986)
BREVE COMO LA VIDA
este poema aunque
artefacto, a pesar del
artificio, aquí no pretende
ser nada más que un símil
de la desesperación que grito en el ahora
metonímico no saber qué hacer
con las manos.
12/2/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Renato Mazzini
Renato Mazzini
(Santa Fé do Sul,1981)
matmos
escribir la violencia
del inhalador en un libro
para inmortalizar la memoria
del asma
observar el escape
de las bolas de fuego a la mitad
de las nubes como si fueran
un chorro de colegialas
a las cinco
10/2/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Elisa Andrade Buzzo
Elisa Andrade Buzzo
(São Paulo,1981)
V
Sumergí mis manos en el crepúsculo
y volvieron rojas, momentáneas,
la carne vibrante frente a los ojos atónitos.
Las uñas blancas regresaron cubiertas,
supuradas, ya resecas, púrpuras.
En las marcas en llamas en los papeles
estoy viva,
y esta ahora es mi sangre.
3/2/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Bruna Beber
Bruna Beber
(Rio de Janeiro,1984)
NEIGHBORHOODS
si el mundo no fuera
ese vertedero de
máquinas
barbas
pilas
débitos
plazos
y plumones
marca-texto
miedos
dudas
y embalajes
tetrapak
si el mundo no fuera
un vertedero de pendejos
o si el mundo no fuera
un abarcador
y resumido
vertedero de sinónimos
y si esa calle
si esa calle
fuera la tuya
yo me mudaría allá
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poesía brasileña
Escuela Brasileña de Antropofagia / Walter Gam
Walter Gam
(Belo Horizonte,1983)
*
remoto a partir de los pasos llenos de humo. el suficiente para querer
la salida de emergencia y encontrar sus llanuras.
queda parado, a un metro. deslizando por la frontera, verde, plata
te va a marcar así con una pastilla japonesa de yogur en la boca. sin preguntar exactamente sobre lo que ha brillado en su frente. y tú recuerdas a la muchacha de lentes obscuros danzando en la luz detonada de las dos. cuando el polvo se vuelve maquillaje y ella usa un mini short rojo de boxeo
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Escuela Brasileña de Antropofagia / Ismar Tirelli Neto
Ismar Tirelli Neto
(Rio de Janeiro,1985)
Preocupaciones épicas
I.
Nunca anduve tan lejos sin
antes haber oído el tango
en el Cabaret
Sauvage, sin haber
escrito aún tales
“Poemas de la Mudanza”, sin
tener bello (bello) & bronco
adormecido en una postal
arrojada de Oxford,
Lille, São Paulo.
Nunca anduve tan lejos
que un satélite –en la mayoría
de los casos materno– no
viniera a agarrarme.
Reconozco de ningún
grado que fue aquella
anécdota en que
los vecinos de Kant
ajustan relojes
a la hora de su paseo
vespertino el verdadero
motivo por el cual
desistí de la Filosofía.
Todo eso porque
también yo
nunca partí
de aquí. Tú fuiste
toda la extensión
de mayo, preservando
las connotaciones
pertinentes a ambos
hemisferios. And I
don’t know if I’m ever
coming home.
2/2/11
Metrópolis 32 / Especial de poesía portuguesa / Febrero 2011
Ya circula el especial de poesía portuguesa contemporánea que preparé para la revista Metrópolis.
Eclesiastés
Seulete suy et seulete vueil estre
Seulete m'a mon doulx ami laissiee
Christine de Pisan
Tiempo de coger
tiempo de no coger
saber regir
los tiempos
saber estar sola
para saber estar contigo
y viceversa
aquí están mis cuentas
de lo que fue
Adília Lopes (Lisboa,1960)
***
Abrió en el colchón las zanjas posibles
y enterró por orden alfabético
cada parte del cuerpo: los pelos
los pantanos las uñas enclavadas
y las uñas que otros clavaron por los muslos.
Estudió cuidadosamente las olas las horas
para que no quedaran dudas
sobre los caminos marítimos
hacia la noche. Por fin
podó todas las ventanas del cuarto;
bebió el vino;
royó la carne del cuarto
hasta no dejar ningún corazón.
Catarina Nunes de Almeida (Lisboa,1982)
***
Ellington siempre me pareció nervioso.
Lo mismo sucedía con nuestros juegos psicológicos.
Había en la familia una moldura diferente
atribuida a cada sentimiento.
Luego de degollarnos en la sala la pregunta era esta:
¿qué moldura sentimos que sea parte de nuestro espíritu?
Yo decía tristeza y murmuraba siempre tristeza
y el corazón del padre nos abandonaba con vergüenza
la madre envolvía las manos para sujetar el amor
y yo adormecía en delirio y despertaba siempre en delirio.
El juego de la moldura tenía la ventaja de la incomprensión.
En una familia hay los realizadores de molduras
y los que sienten la realización de la materia emocional.
Las más bellas resoluciones eran hechas
en presencia de Ellington.
Improvisación ambiental familiar.
Fernando Esteves Pinto (Cascais,1961)
Veintiocho promesas fundamentales para el año dos mil nueve
cortar las muñecas pasando por cada vena,
inundar la cama, volver a coserlas en apenas
algunos minutos. perfeccionar todas las
técnicas de resucitación. después, ser para siempre
con la ganancia distinta de la felicidad
Valter Hugo Mãe (Saurimo,Angola,1971)
trazo común
me descalzo de sombras para llegar hasta ti
las líneas de mi rostro son clarísimas
en ellas no ves el viejo el niño el adulto
ves apenas el trazo común
que es donde busco tu mano
en la transparencia de mi palabra entera
Vasco Gato (Lisboa,1978)
COME ON
gracias en vietnamita se dice cám ón
Miguel-Manso (Santarém,1979)
PECADO CAPITAL
La Victoria de Samotracia
es más o menos mi historia
sentimental: todas tenían un cuerpo
y hasta alas
pero poca cabeza.
Daniel Jonas (Porto,1973)
ERRATA
Donde se lee Dios debe leerse muerte.
Donde se lee poesía debe leerse nada.
Donde se lee literatura debe leerse ¿el qué?
Donde se lee yo debe leerse muerte.
Donde se lee amor debe leerse Inês.
Donde se lee gato debe leerse Barnabé.
Donde se lee amistad debe leerse amistad.
Donde se lee taberna debe leerse salvación.
Donde se lee taberna debe leerse perdición.
Donde se lee mundo debe leerse sáquenme de aquí
Donde se lee Manuel de Freitas debe ser
con certeza un sitio muy triste.
Manuel de Freitas (Vale de Santarém,1972)
***
Pájaro de transiciones fluviales
tímidamente a pique en la curiosidad embriagada de los
triángulos
Pájaro bermejo de las églogas buscando los estallidos de los fórceps de la
claridad
sobre los cintos extravagantes de los noticiarios que empavonan
patrullas del relámpago
en los ascensores vigilantes de los pulpos implacables
Las alas esplendorosas protegen las confidencias
disponibles en los muelles enronquecidos
donde los ángulos centenarios de los cencerros tañen
las escuadrillas ávidas de las polichinelas pendulares
Los libreros impacientes engoman las esporas bronceadoras de los desvanes
silenciosos
aquí los pájaros subrayan los insaciables frenesíes de los venenos para que empolvaran los semáforos imperceptibles de los sórdidos armazones
como los áspides de los verdugos reclamaran el exilio patriarcal
de las meretrices danzarinas
Las aletas libertinas de los cofres geológicos planean
sobre las escalinatas cristalizadas de los
astrólogos excepcionalmente rezagados
en el parapeto odorífero de los bordes
donde la argamasa experimentada de los
mástiles son los reflejos compulsivos de los pulmones
Los pájaros alienígenas se sumergen en las incubaciones
de las guadañas remolcadoras que palpiten obstinadamente
entre los círculos
repercutidos de las balanzas pélvicas de las divas
Los solitarios vuelos se lanzan en los vacilantes tronos de las sabanas
donde las perezosas combustiones encrespan los chistes
furtivos de los párpados
Las densidades hirsutas de los vuelos se depuran en las mechas
noctívagas de las faldas lúbricas
como la antracita de los espiráculos para proteger las curvaturas
ambulantes de la perla epidérmica
Los pólenes niquelados de los vuelos crepitan en los histéricos miasmas
probablemente para transformar los pasajes del fuego en un musgo de gargantas nómadas
pobladas de retoños
imprevisibles
Las planicies incesantes de los vuelos reactivan las almohadas del deseo en el
luminiscente sollozo de las víboras
Los vuelos desvelados en consonancia con las respiraciones vertiginosas
de las prostitutas interfieren similarmente
en el impetuoso silencio de los flashs rastreadores
de las primeras habitaciones nocturnas
Luís Serguilha (Vila Nova de Famalicão,1966)
APOCALYPSE NOW
Minutos antes del fin del mundo, los poetas
retirarán las comas a los textos y los títulos a los textos
y la ropa al cuerpo y los anillos a los dedos
porque no había tiempo
para tanta ostentación.
Pero los amantes que, a la misma hora, entretenidos
leían uno a otro poemas de amor
en el barroco banco del jardín
no imaginaban
el trabajo que aquello les daba
Filipa Leal (Oporto,1979)
I
Nos metemos excesivamente con los muertos, me decías.
Sus ojos negros, acuáticos, misteriosamente
náufragos del tiempo como momias de niños
enfermas del amor de los padres o árboles quietos
ensimismadas sobre su propia soledad.
Aún así observo demoradamente tu desnudez
sin olvidar que también morirás un día.
Háblame secretamente de las magnolias, del modo
como caen los pétalos sobre la tierra en los últimos días.
Los que no saben de la súbita blandura de las mañanas,
recogen silenciosamente fragmentos de la luz de marzo.
Pero tú nunca caminas sobre el trigo, ni asistes
a la devastación de un amor más grande que la muerte.
Derramarás tu sangre en la tierra incendiada,
para que lloren las flores el ineludible desenlace del invierno.
Nos metemos excesivamente con los muertos.
Descarnamos sus huesos como si nos ardiesen
las extremidades de los dedos y ladrillos dorados
nos pesaran sobre los relieves de las manos.
Me detengo en los silencios descosidos
de tu ropa adentro, en la extrema soledad
que anochece la tundra contra el hambre
esférica en el cielo de la boca o lenguas de fuego
sobre nuestras cabezas.
Serás como el fin del mundo en una caja
a los pies de la cama o la suspensión
demorada en el crepitar de las ausencias.
Hubo un tiempo en que yo desconocía el miedo.
Dios aún amaba a los hijos de los hombres
cuando, años más tarde, dejó de llover.
Cayó un libro de tus manos como presagio.
Es verdad que todavía espero el rumor blanco de las planicies,
la superficie de la mañana, tu boca como el estío.
José Rui Texeira (Porto,1974)
Escuela Brasileña de Antropofagia / Augusto de Guimaraens Cavalcanti
Augusto de Guimaraens Cavalcanti
(Rio de Janeiro,1984)
oda
en cada levedad
un riesgo
mañana violenta
violeta
la luna de adentro de una oreja
hora de bailar
los héroes nacen
con veneno en los ojos
yo tengo veneno en las palabras
un sábado de sol en un playground
en copacabana
salgo del infierno así como quien sale de un baño de mar
31/1/11
Escuela Brasileña de Antropofagia / Alice Sant'Anna
Alice Sant'Anna
(Rio de Janeiro,1988)
ausencia
para ti tengo escritas con calma
cartas en un cuaderno azul
arranco de la espiral y no cuelgo
por pereza o ni muerta
tengo miedo de la espera
durante días o semanas un animal horrible
(especie de raposa) me perseguirá
por dentro, o seré yo misma
(¿un ratón?) carcomiéndome
mientras la respuesta no llega
pierdo mucho tiempo tratando
de dar nombres a los bichos
que suben la cortina del cuarto
Escuela Brasileña de Antropofagia / Ana Guadalupe
Ana Guadalupe
(Londrina,1985)
sexo mentiras y videotape
te voy a perseguir 24h por las alamedas
sudar entre los senos, tropezar con tenis sucios
te voy a telefonear en las madrugadas
decir frases hechas, llorar entre rimas
te voy a enviar cartas tardías
escribir poemas, pegar recortes de revista
te intentaré olvidar durante décadas
eternos rewinds de mis memorias
Escuela Brasileña de Antropofagia
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